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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

'À medida que envelheço, eu morro menos'


No último número da revista Esquire, uma matéria com o ator Willem Dafoe em forma de frases ditas pelo intérprete de personagens fortes que quase sempre morrem no final. Algumas delas:

Desligue o som de um filme: se você puder saber o que está acontecendo, o filme pode funcionar.

Espero nunca ser obrigado a ir para uma ilha deserta, porque jamais conseguiria decidir quais três CDs eu levaria comigo.

Não tenho dúvida que se encontrar Bob Dylan, será desapontador para mim e aborrecido para ele. Mas, taí porque eu gosto do Bob Dylan.

Se me lembro bem, cuspir no Tom Cruise em "Nascido em 4 de julho" foi muito legal. Certamente, isso não é para ser levado pro lado pessoal.

Eu acredito que você só faz o melhor quando faz para outra pessoa. Pense em quando se apaixonou pela primeira vez, no poder que adquiriu. Você era como o Super-Homem, porque estava fazendo o melhor para outra pessoa.

Em certo momento, quando estou desempenhando um papel, sinto que sou o único que poderia fazê-lo. Ninguém mais. Você sempre deve ocupar o lugar que lhe pertence.

Fui batizado de William, mas cresci sendo chamado de Billy. Eu não gostava disso. Era um diminutivo - e não tinha força alguma. Por isso, na infância, eu estava sempre procurando um apelido. Não é preciso um psicólogo me dizer que isso é um jeito de usar máscaras.

Quando fui para Milwaukee (estudar artes dramáticas), vivi numa casa cheia de pessoas malucas, e um cara lá cismou de me chamar de Willem. Willem. E isso acabou pegando. Quando me tornei um ator, pensei em mudar meu nome de volta para William, mas parecia tão formal, tão britânico. Então, decidi ficar mesmo com Willem e, agora, sigo vivendo com um nome falso.

Lembro a primeira vez que vi meu nome num letreiro. Eu estava em Hong Kong. "Viver e Morrer em Los Angeles" (filme de 1985). Eu nunca achei que me importava com essas coisas, mas foi excitante. Talvez porque tenha acontecido em Hong Kong.

Celebridade é bom, desde que saiba que isso não tem nada a ver com você.

As coisas que te preocupam não são as coisas que deveriam te preocupar. As coisas que não te preocupam são aquelas que deveriam te preocupar.

Por que eu morro tanto? Isso é confuso pra mim. Talvez seja porque eu goste de personagens fortes. E é natural que numa história eles queiram se livrar desses personagens fortes.

À medida que envelheço, eu morro menos.

Traduzido, editado e publicado no Resende Afora.

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