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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Brevíssima história do carnaval carioca

Cesar Maia na Folha Online

1. No início dos anos 1930, as rodas de samba do Rio de Janeiro eram consideradas "caso de polícia".

2. O prefeito Pedro Ernesto (1931-36) foi o primeiro a visitar uma favela e institucionalizou as rodas de samba. Para poder subsidiá-las legalmente, pediu que todas adotassem um nome comum: Grêmio Recreativo Escola de Samba...

3. O primeiro desfile oficial, com julgamento, foi em 1935. Vencido pela Portela, teve como porta-bandeira uma menina prodígio: Dodô. Atualmente com 90 anos de idade, Dodô desfilou (sambando no chão!) nesta madrugada na Marquês de Sapucaí.

4. Os desfiles nos carnavais eram basicamente uma apresentação da classe média, com os corsos, os ranchos e as alegorias. Havia uma enorme diversidade de expressões, como o frevo, o maracatu, as pessoas fantasiadas nas ruas, os blocos de sujos, o concurso de fantasias, os bailes nos clubes e nos teatros.

5. Os sambas-enredo eram sincopados, os passistas desfilavam soltos, sem alas agrupadas, não havia carros alegóricos, os destaques desfilavam no chão.

6. No início dos anos 1960, com a entrada da equipe de Fernando Pamplona no Salgueiro, iniciou-se um processo de radical transformação dos desfiles.

7. As demais expressões do carnaval carioca começaram a ser incorporadas às escolas de samba e acabaram desaparecendo. Assim foi com os superblocos (Bafo da Onça, Cacique de Ramos, entre outros), que rivalizavam com as escolas. Corsos, ranchos, fantasias de luxo e alegorias passaram a integrar os grandes carros alegóricos.

8. Os enredos históricos foram abertos e as escolas passaram a desfilar como ópera popular (alas e seus carros como atos, coro dos que desfilam, os atos móveis apresentados na frente da platéia num auditório latitudinal).

9. Com a ascensão de Joãosinho Trinta (da equipe de Fernando Pamplona, depois na Beija Flor), as escolas de samba ganharam a característica que têm hoje. As alas desfilam agrupadas como blocos. O samba-enredo passa a ser samba-marcha.

10. E invertem-se os papéis. Antes, os corsos, onde o povo olhava a classe média desfilar. Agora, desfila o povo e a classe média assiste.

Matéria editada pelo RA.

Complementando o artigo do alcaide

Cesar Maia não cita, mas para entender o atual carnaval carioca é preciso relacionar ainda dois fatos importantes ocorridos nos anos 1980:

1. A construção do Sambódromo (originalmente batizado de Passarela do Samba) durante o primeiro governo de Leonel Brizola (1983-1986). Idealizado por Darcy Ribeiro e projetado por Oscar Niemeyer, o Sambódromo - inaugurado em 1984 - não só implantou um local permanente para os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, como também exportou a idéia para outras cidades brasileiras, como São Paulo, Manaus e Parintins.

2. A proliferação dos blocos de bairro no Rio a partir do "Simpatia é quase amor" e do "Suvaco do Cristo", ambos fundados em 1985, respectivamente, em Ipanema e no Jardim Botânico. Atualmente, são centenas de blocos espalhados por quase todos os bairros da cidade, da Zona Sul à Zona Oeste, passando pelo Centro, onde o tradicional Cordão da Bola Preta arrastou perto de um milhão de pessoas na manhã do último sábado.

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2 Comments:

At 18/2/10 14:20, Blogger Godrius said...

Aproveitando seu comentário a respeito dos blocos de rua, acho que faltou apenas falar sobre a incopetência da prefeitura carioca para organizar os eventos.

A medida adotada pelo prefeito Eduardo Paes tem como objetivo o esvaziamento dos blocos, fazendo com que no próximo ano muitos foliões procurem outras cidades para pular carnaval e, consequetemente, gastar seu dinheiro.

 
At 18/2/10 18:46, Blogger Otacílio Rodrigues said...

Parece que um dos grandes problemas dos desfiles de blocos este ano foi a pequena quantidade e a falta de manutenção dos banheiros químicos nas ruas.

Pelos cálculos da prefeitura, havia apenas um banheiro para cada grupo de 550 usuários!

Aliás, sobre isso, vale a pena ler a coluna da Cora Rónai hoje em O Globo, publicada também no seu (dela) blog.

 

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