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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Truffaut ainda é referência para cineastas


Truffaut rodando o seu primeiro filme, 'Fahrenheit 451'

Do UOL Cinema

Neste dia 21 de outubro, se completa o primeiro quarto de século da morte de Truffaut (1932-1984), uma das grandes figuras da Nouvelle Vague, profunda revolução cinematográfica que teve origem na França há 50 anos.

Truffaut, que foi sensação no Festival de Cannes em 1959 com sua obra prima, "Os Incompreendidos", e foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro com "O Último Metrô" (1980), faz parte de um grupo de diretores que são referências absolutas para cinéfilos e cineastas.


Trailer de 'O Último Metrô'

Em 1957, um ano antes de rodar seu primeiro longa-metragem, Truffaut lançou a previsão de que o futuro cinema francês "seria feito pelos aventureiros" e que os jovens cineastas contariam "em primeira pessoa" suas respectivas descobertas sobre a vida, a política ou o amor, e que isso seria "verdadeiro e novo".

Inevitável aventureiro, ele foi um dos primeiros a cumprir sua previsão e introduziu diversos elementos autobiográficos em sua obra.

Sua juventude foi marcada pela presença de André Bazin (1918-1958), co-fundador dos "Cahiers du Cinéma" (Cadernos de Cinema, em tradução livre do francês), que teve um papel fundamental na vida do futuro crítico e diretor.

Truffaut era filho de mãe solteira e de pai desconhecido, que, quando criança, fugindo do inexistente afeto materno, encontrou um refúgio definitivo no cinema e na literatura.

O cineasta lembrava que os primeiros 200 filmes de sua vida foram vistos "em situação de clandestinidade", já que escapava de casa para ir ao cinema, aproveitando as saídas noturnas de sua mãe e de seu marido, que, muito cedo, descobriu que não era seu verdadeiro pai.


Trailer de Jules e Jim

Amante precoce do cinema, um amor descoberto aos oito anos de idade, através de "O Paraíso Perdido" (1940), de Abel Gance, Truffaut sempre odiou a imagem de baixa resolução do vídeo e foi um grande defensor do filme de 35 milímetros.

O filme de Gance não só despertou sua atenção para o cinema precocemente, mas também deu origem às suas primeiras notas e fichas, prelúdio de sua atividade de crítico feroz e de estudioso de admirados diretores clássicos como Becker, Welles ou Hitchcock.

Embora não tenho sido nem o primeiro nem o único a criticar a situação da sétima arte na França após a Segunda Guerra Mundial, seu artigo "Une Certaine Tendance du Cinéma Français" (Uma Certa Tendência do Cinema Francês, em tradução livre), publicado na edição de número 31 dos "Cahiers du Cinéma", em 1954, é uma referência de crítica.

Sua contundente visão sobre este "certo cinema francês" significou toda uma revolução contra o cinema dominante na época e abriu as portas para a Nouvelle Vague e para seu tão reivindicado "cinema de autor".

Entre seus trabalhos sobre os professores de cinema que tanto admirou está um memorável livro de entrevistas com Alfred Hitchcock, que reunia seus dois pólos principais de atração: o amor e o cinema negro.


Trailer de 'A História de Adèle H.'

Alguns historiadores consideram o autor de "Uma Mulher para Dois" (1962), "Domicílio Conjugal" (1970) ou "Na Idade da Inocência" (1976) "o grande estilista" da Nouvelle Vague, frente a Jean-Luc Godard e Alain Resnais.

Como corresponde a um admirador do grande cinema americano, foi diretor de delicadeza e elegância. Também é considerado um verdadeiro romântico por especialistas como o historiador e catedrático de Artes Visuais Román Gubern.

Em sua opinião, de todos os diretores franceses modernos Truffaut era o que tinha "um olhar mais mole sobre o ser humano, mais cálido".

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