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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Preconceito explícito

Da nova série "Li, gostei e concordei":

Eliakin Araujo, no
Direto da Redação

No encerramento da convenção do PSDB, semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique foi, no mínimo, deselegante, ao afirmar, em discurso inflamado, que "precisamos de brasileiros melhor educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria".

Quem lê tal declaração logo imagina estar diante de um político de oposição que planeja ocupar a presidência e promover uma revolução no ensino do país. Mas será que FHC pensa que o povo é tão ingênuo que já esqueceu seus dois mandatos à frente do Executivo? Ora, se ele diz que "precisamos de brasileiros melhor educados", certamente esses milhões de "deseducados" não surgiram no governo Lula. Vêm de longe, e passaram olimpicamente pelos oito anos de FHC, sem que nada fosse feito para minorar o problema.

O ex-presidente foi cruel e, embora não aceite a pecha, extremamente elitista. Um tiro pela culatra, porque o preconceito contra os excluídos não atinge apenas Lula, mas os milhões de brasileiros que não têm acesso aos bancos escolares.

Nos Estados Unidos, os ex-presidentes se respeitam e são respeitados pelo público, independente do partido a que pertençam. Se encontram e até estrelam campanhas sociais juntos, como fizeram recentemente Bush (pai) e Bill Clinton, que apareciam juntos na TV pedindo ajuda para países menos desenvolvidos. Mais recentemente, na inauguração da biblioteca do democrata Clinton, em Little Rock, estava lá o próprio presidente Bush, republicano. Tudo numa boa, sem ofensas ou ataques pessoais.

É isso que se espera de um ex-presidente da república: discrição e dignidade, qualidades inerentes a alguém que foi um magistrado por força do cargo que ocupou. No caso de FHC, isso se torna superlativo por sua conhecida formação cultural e acadêmica. Dele deveriam partir os melhores exemplos.

Foi de uma professora paulista, Thais Nicoleti, a melhor lição que FHC poderia tirar do episódio:

"Não se pode usar a fragilidade da educação formal de uma pessoa para atacá-la. Como professora de português, nunca desmereço o discurso de alguém por sua forma de falar. Isso é politicamente incorreto ou no mínimo mesquinho." (FSP, 25/11)

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