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sexta-feira, 22 de junho de 2007

Horror Nacional

O Jornal Nacional que acabou há pouco foi de embrulhar o estômago de qualquer cidadão que acompanha a novela "Caos Aéreo" desde o início, ou seja, desde que dois ou três "controladores" causaram o mais grave acidente aéreo do país. As cenas dos aeroportos lotados de gente desesperada para chegar ao seu incerto destino falam mais que mil discursos oficiais. As entrevistas com os protagonistas da trama - os "sem-vôo" - são constrangedoras. O turista americano em Copacabana pergunta: "por que tantas desculpas para os atrasos e nenhuma solução?"; a brasileira em Cumbica, chique e articulada, responde com desdém: "o nome disso é 'incompetência'!"

Falar mais o quê? Analisar mais o quê? Esclarecer mais o quê? Perguntar mais o quê? Tudo já foi dito nesses nove longos meses aqui no RA e em todos os blogs, jornais e revistas do país e do mundo. À imprensa só resta repetir as mesmas palavras, as mesmas matérias, as mesmas cenas. No Jornal Nacional - que deu agora para puxar o saco do Lula (será por medo de que ele imite o Chávez e comece a fechar emissoras de televisão?) -, a repórter Zileide Silva emposta a voz para dizer que o presidente exigiu medidas duras (ui!) da Aeronáutica para acabar com a crise.

Muito bem, Zileide. Mas não foi exatamente isso o que o seu grande presidente disse três meses atrás, quando cobrou dia e hora para a resolução do problema? Pois é. Logo em seguida aparece o ministro Sato discursando em traje de gala à frente de um cenário de bandeiras multicores (digno de filme sobre ditaduras terceiro-mundistas). Suas palavras? As mesmas de três meses atrás, só que, dessa vez, ele pôde anunciar uma punição "exemplar" aos supostos chefes da rebelião: a transferência sumária para o controle de vôo de aviões militares! Seria cômico se não fosse trágico.

O restante do HN (Horror Nacional) foi dedicado, em grande parte, ao Rei do Gado, o quase ex-senador Renan Calheiros e, também, à corja de suplentes (os "sem-votos") que, aos poucos, vai dominando o Congresso. Como se não bastassem os bandidos eleitos, agora temos de engolir também gente da estirpe de um Sibá Machado ou de um Wellington Salgado dizendo aos repórteres (pobres repórteres!) o que é melhor para o Brasil (pobre Brasil!!) na atual conjuntura.

No final, o correspondente em Washington fecha a matéria lembrando que nos EUA não existem suplentes: quando um congressista morre, realiza-se uma nova eleição para o seu substituto. Ou seja, na gloriosa América não existe "sem-voto". Também não existe "sem-vôo", "sem-terra" e, muito menos, "sem-governo". Ainda que seja o Bush.

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3 Comments:

At 23/6/07 08:55, Anonymous Anônimo said...

Oi, Otacílio.
Continúo concordando com o RA por inteiro em suas referências nacionais, com sua explícita sabedoria, prudência e conhecimento. Em gênero, número e caso. Infelizmente, enquanto nosso Congresso estiver agindo corporativamente, jamais teremos tranqüilidade neste nosso grande Brasil.
Abração.

 
At 23/6/07 12:34, Blogger Otacílio Rodrigues said...

Isso, isso, Grande Mestre! Como já disse, nosso único consolo é a imprensa (ou parte dela) que luta incansavelmente para furar esse corporativismo, desmascarando bandidos com imundidade (juro que ia escrever imunidade!) e contribuindo, assim, para transferir compulsoriamente uns e outros da vida pública para a privada (literalmente).
Grande abraço.

 
At 23/6/07 17:52, Anonymous Anônimo said...

Isso, Isso, Otacílio.
Infelizmente. é isso messssmo.
Deus ajude que aconteça, amém.
Abração.

 

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