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sábado, 22 de abril de 2006

'O Código Da Vinci' é obsessão pela verdade

Da Folha Online

O ator norte-americano Tom Hanks declarou que "O Código Da Vinci" - filme que abriu, no último dia 17, a 59ª edição do Festival de Cannes - retrata a obsessão pela verdade. "Fazer parte desse filme é a recompensa mais gratificante em minha carreira", afirmou o astro. O longa-metragem baseado no polêmico best-seller do escritor Dan Brown tem sua estréia mundial marcada para 19 de maio.

O elenco do filme, dirigido por Ron Howard, tem em papéis de destaque, além de Tom Hanks, os atores franceses Audrey Tautou e Jean Reno. A cidade de Paris e, em particular, o Museu do Louvre, são as principais locações em que a história se desenrola. Enquanto Hanks interpreta o estudioso Robert Langdon, Tautou dá vida a Sophie Neveu, a jovem neta de um cientista que é misteriosamente morto no Louvre. Já Jean Reno interpreta Bezu Fache, um policial francês particularmente religioso e que deve resolver o caso do homicídio. O ator Paul Bettany, por sua vez, vive um vicário da Opus Dei, o albino Silas, um dos personagens mais controversos da obra.

A trama de "O Código Da Vinci" se concentra na tese de que Jesus Cristo se casou com Maria Madalena, com quem teve um filho e cuja descendência continuou até a atualidade, protegida por uma ordem secreta conhecida como Priorado de Sião. Por causa da possibilidade deste casamento, o grupo conservador católico Opus Dei estaria assassinando seus descendentes para proteger tal segredo. Antes de ser adaptado para o cinema, o livro de Dan Brown foi traduzido para 44 idiomas e vendeu mais de 40 milhões de exemplares no mundo todo. A boa aceitação da obra rendeu a Brown mais de 70 milhões de euros, segundo a revista "Forbes".

O verdadeiro Silas mora em Nova York

Quando "O Código da Vinci" se tornou um sucesso editorial, os líderes da organização católica Opus Dei perceberam que tinham nas mãos um problema de imagem. O assassino no best-seller de suspense é um monge albino da Opus Dei chamado Silas, e o grupo é retratado como uma seita poderosa, mas cercada de sigilo, cujos membros praticam a autotortura ritualística. Em um prefácio intitulado "O Fato", Dan Brown disse que o livro era mais do que mera ficção.

Quando foram revelados os planos para o lançamento de um filme baseado no livro, os líderes da Opus Dei tentaram persuadir a Sony Pictures a retirar qualquer menção ao grupo, e enviaram uma carta ao estúdio no ano passado, afirmando que o livro é "uma distorção grosseira e uma grave injustiça".Os esforços da organização não deram em nada.

Com a proximidade da estréia do filme, a Opus Dei está tentando saciar o interesse público e apresentar o grupo de uma forma bem diferente daquela como é descrita no livro: o lar religioso de um assassino ficcional. O grupo está promovendo um blog por meio de um padre da Opus Dei em Roma, reformulando o seu site e até promovendo entrevistas com um membro que seria o único "Silas real" na Opus Dei - um corretor nigeriano de fundos públicos que mora no Brooklyn, em Nova York.

Silas Agbim, o corretor, diz que a Opus Dei ensina os seus membros a se comportarem segundo os mais altos padrões. "Se você fizer bem o seu trabalho, estará agradando a Deus", afirma Agbim, que é um pai, de cabelos grisalhos, de três filhos adultos, sendo casado com uma professora de biblioteconomia. "E se alguém pensa que se tornará santificado se recitar dez rosários por dia e fizer o seu trabalho de forma descuidada, está completamente equivocado".

Agbim diz que leu o livro, e garante: "É um veneno. Ele influencia aquelas pessoas que têm dúvidas na mente". Mesmo assim, o filme "O Código da Vinci" com certeza reavivará um antigo debate entre os católicos sobre se a Opus Dei se constitui em uma influência positiva ou negativa para a Igreja. Os críticos dizem que embora o grupo seja relativamente pequeno, alguns dos seus membros ocupam postos importantes no Vaticano - incluindo o de porta-voz do papa.

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