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domingo, 23 de abril de 2006

Deputados gastam 41 milhões com gasolina

Deputados federais receberam da Câmara no ano passado, como reembolso por supostos gastos de gasolina, R$ 41 milhões - dinheiro suficiente para comprar 20,5 milhões de litros de combustível. Com isso, seria possível rodar 2,5 milhões de quilômetros, dar 64 voltas ao mundo ou ir seis vezes à Lua. O parlamentar só recebe o reembolso se apresentar notas fiscais. E notas não faltam: há notas superiores a R$ 30 mil, mas a Câmara alega que não tem como checar a veracidade de todas. O deputado Francisco Rodrigues (PFL-RR) foi o que mais recebeu reembolso por supostas despesas com gasolina este ano, R$ 60 mil, e admite: "Um almoço para o qual não consigo nota, justifico como combustível." O Ministério Público suspeita de fraudes.

Pitaco do RA: O Ministério Público suspeita de fraudes??? Este é um dos golpes mais antigos e mais praticados por qualquer profissional que tem suas despesas de alimentação e transporte reembolsadas pelo empregador. Em se tratando de políticos e do dinheiro público então... Sinceramente? Numa república de bananas, como é a nossa, todos sairíam ganhando se, ao invés de seiscentos e tantos deputados e senadores (a grande maioria, todos sabem, ladrões e safados da pior espécie), tivéssemos um pequeno colegiado de notáveis - juristas, empresários, cientistas, intelecturais, educadores, etc - que se reuniriam duas vezes ao mês para aprovar leis e distribuir verbas, comprovadamente necessárias, para os Ministérios (também comprovadamente necessários). Fim do Congresso. Um país que tem os políticos que temos (e isso nunca vai mudar!), precisa de um governo diferenciado, se quiser, um dia, chegar ao Primeiro Mundo. Tudo isso, é claro, vale também para os Estados e Municípios, ou seja, adeus a deputados e vereadores. Ah, eu tô maluco? Leiam mais essa manchete da capa do Globo de hoje:

"A Procuradoria Regional da República investiga o presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), e mais dez deputados e ex-deputados estaduais, suspeitos da prática de crimes contra a ordem financeira. A investigação, apoiada em análises da Receita Federal, foi iniciada após a publicação pelo Globo da série de reportagens "Os homens de bens da Alerj".

Querem mais? Leiam, então, este post do Blog do Josias:

"Em desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo federal vem liberando verbas orçamentárias a prefeituras que não prestam contas como deveriam dos seus gastos. Foi o que demonstrou uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União na Secretaria do Tesouro Nacional (processo número 010.711). A fiscalização foi aprovada pelo plenário do tribunal no último dia 30 de março. Descobriram-se indícios de que, em 2004, de um total de 5.429 ordens de pagamento emitidas pelo governo, 4.961 (91,4%) podem ter beneficiado municípios com pendências nos computadores de Brasília. Em 2004, o fenômeno se repetiu em 2.101 (70,7%) das 2.972 ordens bancárias liberadas. Não há no relatório de auditoria uma quantificação das verbas liberadas".

Resumo, triste e realista, da ópera tupiniquim (e chinfrim): a democracia - tal e qual é praticada nos Estados Unidos, na Europa e no Japão - aqui, abaixo do Equador, só beneficia os poderosos (leia-se, corruptos, sonegadores e bandidos em geral). Precisamos inventar, urgentemente, um novo sistema político que atenda as nossas, digamos, peculiaridades. Enquanto isso não acontece - como diz o Chico, aí embaixo -, estamos todos ferrados!

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