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terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Bono personifica a chatice da correção política

Marcos Augusto Gonçalves, da Folha Online

Bono parece ser um sujeito legal. Está sempre do lado - como diria Rita Lee - dos frascos e comprimidos. Bono é a encarnação roqueira do politicamente correto. É uma espécie de Sting, o que faz dele, ao menos em parte, um chato. E também um equivocado: mal desembarcou no Brasil e já saiu correndo para emprestar seu prestígio a Lula.

Nenhum questionamento, tudo beleza: a corrupção do PT e o faz-de-conta do presidente devem ser uma invenção da direita que não compra discos do U2. Bono faz parte daqueles formadores de opinião do Primeiro Mundo Maravilha que acreditam em duendes progressistas do Terceiro Mundo. Estão sempre achando que vai brotar algo novo por aqui.

O "núcleo duro" de sua legião de fãs é a geração posterior à minha, hoje na faixa dos 35/40 e poucos. Um dos traços característicos dessa moçada é a correção política, aquela compulsão de chamar negros de "afrodescendentes", falar em "opção sexual", viver em permanente estado de solidariedade às minorias étnicas, colocar a culpa do terrorismo islâmico no Ocidente e recomendar filmes feitos nos cafundós do mundo sobre situações arcaicas e "humanas".

Claro que Bono é "do bem". Irlandeses são gente fina. A África é pobre. O futebol brasileiro é mágico. E já que Bono quer dar uma força para o Terceiro Mundo, pode fazer um show na França contra os subsídios agrícolas. Aí diríamos: ao U2, as batatas!

Pitaco do RA: Como sempre detestei o bom-mocismo exacerbado do Sr. Bono - brigar com seguranças para que as fãs possam abraçá-lo (agora, está dando até selinhos em moçoilas deslumbradas), cantar músicas em português (ou francês, ou alemão, ou turco, dependendo de onde esteja), participar de Fóruns Mundiais, aparecer abraçado a Bush ou Lula como se fosse o primeiro-ministro do roquenrol -, posso dizer que o comentário acima lavou e enxaguou a minha alma, como diria o saudoso Odorico Paraguaçu.

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