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quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Mauá faz protesto por estrada

Do JB Online

A calma típica de quem vive cercado pela natureza e pela atmosfera hippie de Visconde de Mauá - pólo turístico da Região Serrana - não era, pelo menos ontem, uma característica de comerciantes e empresários da região. Insatisfeitos com o descaso do poder público com as rodovias de acesso à região, pela primeira vez eles desceram a Serra da Mantiqueira para, diante do Palácio Guanabara, cobrar da governadora Rosinha Matheus melhorias prometidas em campanha. Ironicamente, alguns pararam no meio do caminho porque um dos ônibus atolou na estrada que era tema do protesto.

- Foi preciso catar pedra para colocar no buraco e fazer muita força. Está todo mundo abandonado lá em cima. O turismo está caindo e os estabelecimentos falindo. Daqui a pouco não vai ter mais emprego para nós - preocupava-se Manuel Bernardino Sampaio, 67 anos, ainda com pés sujos de barro.

Mineiro, ele mudou-se para Visconde de Mauá para trabalhar no restaurante do filho, que saiu de casa aos 13 anos para se estabelecer na cidade. Assim como Manuel, outros moradores temem ter de abandonar a região e voltar para a vida urbana, em busca de oportunidades.

- Este ano o movimento caiu pelo menos 50%. Há um ano a governadora nos prometeu a construção da estrada-parque, mas, até agora, nada.

A estrada é de terra e precisa de manutenção urgente para os turistas quererem voltar - reivindicava Tino Brito, 30 anos, dono de dois dos 70 restaurantes da região. Mauá ainda oferece trilhas, cavalgadas, 206 cachoeiras e 150 pousadas - uma delas equipada com heliporto. Algumas chegam a cobrar R$ 900 por uma diária.

Munidos de faixas e apitos, os manifestantes fizeram um brinde com champanhe e cortaram um bolo para simbolizar o aniversário da promessa.

- Trouxemos a bebida para não estragar - lamentava Julio Buscimelli, outro dono de restaurante.

Segundo os manifestantes, 6 mil habitantes sobrevivem do turismo e do comércio, principais atividades da região, assim como a produção de queijos e outros derivados do leite e artesanato.

Uma comissão foi recebida pelo secretário de Governo e de Coordenação, Anthony Garotinho, que, de acordo com o grupo, prometeu para 2006 o início das obras nas rodovias RJ-163, de acesso a Visconde de Mauá, e RJ-151, que interliga suas diversas localidades. Até que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) libere autorização para a obra nos 17 quilômetros de pista - o que deve acontecer em 60 dias - Garotinho, ainda de acordo com a comissão, ficou de providenciar junto ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) melhorias emergenciais no local.

- Casemiro de Abreu já ganhou a sua estrada-parque, também prometida pela governadora, e Mauá não. Vamos ao Ibama cobrar a autorização. E, se o governo não cumprir o prometido, viremos de novo - disse a empresária Jussara Nunes.

O secretário informou, por meio de sua assessoria de imprensa , que o projeto anterior foi embargado pelo Ibama e outro projeto será encaminhado ao órgão. Com barreiras prestes a cair, buracos e sinalização precária, as rodovias são também uma ameaça constante.

- No ano passado, uma caminhonete caiu num córrego e sete pessoas morreram. Há alguns meses, fomos obrigados a dormir na estrada, que ficou interditada 24 horas - lembra a comerciante Veranil Diniz.

A precariedade da estrada atrapalha ainda o acesso aos serviços básicos. É preciso viajar cerca de duas horas para chegar ao hospital mais próximo, em Resende.

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