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segunda-feira, 14 de novembro de 2005

"Collor bate nos empregados"

Terezinha Oliveira, criada da famíla, ficou do lado de Rosane

Publicado em O Estado de São Paulo

A empregada doméstica Terezinha Francisco Meloni de Oliveira trabalha para os Collor há 14 anos - entre idas e vindas. Já deixou o emprego e voltou por quatro vezes. Na separação do casal (ocorrida recentemente), ficou do lado de Rosane. Hoje trabalha para a patroa, na mansão de Maceió. Diz que foi agredida pelo ex-presidente - mas ainda assim gosta dele.

Por que você ficou do lado de Rosane Collor?

Voltei a trabalhar aqui por causa dela. Eu gosto do "seu" Collor. Mas ele é muito nervoso. Agredia a gente. Já perdeu o controle comigo.

Como assim?

Sabe aqueles lustres que são também ventilador de teto? Uma vez ele mandou eu ligar o daqui. Eu mexia no interruptor, mas não conseguia. Pois o homem levantou, agarrou a gola do meu uniforme e saiu me puxando pelo pescoço da sala até o terraço. Eu chorei muito, fui embora, mas aí ele mandou me buscar. Quando eu cheguei, me deu um abraço e falou: "Me perdoe seu eu fiz alguma coisa que lhe magoou." Dona Rosane estava para Miami e ele pediu para não dizer nada a ela. De outra vez, ele saiu de casa por volta das 11 horas e mandou eu abaixar o toldo do terraço. Como choveu, eu não abaixei, para a água não pegar nas coisas. Ele chegou e começou a gritar. Dizia assim: "Você quer me ver nervoso? Pois eu estou nervoso!"

E por que você continuou a trabalhar com ele e não denunciou?

Ôxe, e você acha que acontece alguma coisa com esse povo? Para esse pessoal, não existe lei, não. Também não quero ficar jogando pedra porque tenho o que agradecer. Uma vez, quando eu nem estava trabalhando aqui, liguei pra ele em São Paulo. Ele veio resmungando, dizendo que eu só ligava quando precisava de alguma coisa. Eu disse que a minha filha tinha um problema de tireóide, de ficar desmaiando, e estava tomando soro em pé num hospital público de Maceió. Ele mandou o motorista ir buscar e levar para um hospital particular. Ele tinha essas coisas. Mas batia em empregados.

Bateu em quem?

No Cleverson, que faz as compras e é motorista. Foi num domingo de manhã. O seu Collor ficou com raiva porque não tinha pãozinho de seda. Bateu nele com uma cadeira, que está aqui quebrada até hoje. O Cleverson agora trabalha de novo para ele. Já isso eu não fazia. Nesse caso, eu ia embora. (Procurado pelo Estado, Cleverson Silva disse que prefere não falar sobre o assunto. "Não quero comentar isso", disse.)

Na separação, você torce por quem?

Eu trabalho para dona Rosane, né? Mas os ricos são assim. Daqui a pouco eles se entendem de novo. Mas voltei para cá porque era para ficar com ela.

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