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segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Diálogos Republicanos

Crônica de Nelson Motta

Enquanto foi ministro, José Dirceu recebeu Delúbio Soares 14 vezes em seu gabinete, oficialmente, em audiências que duraram entre 30 e 90 minutos. Como Dirceu jura que se afastou do comando do PT quando assumiu a Casa Civíl e como Delúbio não integrava o governo, a pergunta que não quer calar é: sobre o que tanto conversavam Dirceu e Delúbio no Palácio do Planalto?

Algumas hipóteses:

Delúbio – Tenho um esquema infalível, absolutamente seguro, para resolver as nossas dívidas da campanha. Mas nem vou te contar nada para não estragar a surpresa.

Dirceu – Vamos comprar o PL, o PP e o PTB e garantir nossa maioria parlamentar – você sabe, a única maioria confiável é a comprada, eles pensam que são nossos aliados mas são nossos empregados. Assim não precisamos nos misturar com essa gentalha do Jefferson e do Valdemar. Somos revolucionários puros, a causa é nobre e a História nos fará justiça.

Delúbio - Vamos expropriar o dinheiro que a burguesia rouba do povo, comprar esses 300 picaretas e fazer a revolução do proletariado!

Dirceu – O que fazer já sabemos, companheiro, mas como fazer?

Delúbio – ‘xacomigo, chefe. Conheci em Belo Horizonte um grande companheiro que tem idéias geniais e ótimos contatos. Você vai adorar o Marcos Valério. É a sua cara.

O diálogo é absurdo, claro, porque todo mundo sabe que nunca, nem no gabinete nem fora dele, nem pelo telefone ou por e-mail, Dirceu e Delúbio jamais discutiram dívidas de campanha do PT e muito menos comprar partidos e deputados bandoleiros para compor maioria parlamentar. E, claro, embora Delúbio fosse o tesoureiro do PT, jamais falaram em dinheiro. Só em honra e dignidade.

Dirceu tem certeza que somos todos idiotas. Mas o mais humilhante é ter que acreditar em Roberto Jefferson.

Publicada no Sintonia Fina (link nos Favoritos do RA).

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